15º Capitulo - Tudo podia ter sido diferente


...Era um momento que não sabia o que fazer e nem para onde ir, se existia algo que me fizesse sumir, queria naquele exato momento, sai correndo de lá e eu conseguia ouvi-lo, ele saiu do carro ainda vestindo sua roupa.

Luck: Marcos espera por favor, deixa eu te explicar.

Eu queria sair dali o mais depressa possível e queria ir para um lugar seguro, eu me sentia na ponta de um precipício e parece que o vácuo deixado me sugava para baixo, corri para casa e peguei meus patins, precisava sair e desparecer a cabeça.

Logo vi minha irmã e tia, que já estavam prontas para ir para a casa do Luck, meu rosto estava vermelho e os olhos inchados de tanto chorar, apesar de tentar ser forte o tempo todo, durante todo tempo que sofri com a rejeição dos meus pais e minha saúde sempre frágil, porém, segurei todas as lagrimas que consegui e naquele momento era como se me furassem todo o saco de coisas ruins guardados dentro de mim.

Peguei meus patins que sempre ficavam na garagem e os calcei rápido, precisava sair dali e pensar, minha irmã correu e foi falar comigo.

Marisa: Marcos, aconteceu alguma coisa?
Marcos: Não quero falar sobre isso agora.
Marisa: Não posso te deixar sair assim.
Marcos: Por Favor!

Calcei meus patins, coloquei meus fones de ouvido e sai sem direção, me lembro de ter passado na porta da escola de natação onde o conheci, quando ele ia me atropelando, aquela lembrança me trazia átona todas as frustrações, fui a todos os lugares que poderia me fazer esquecer o que vi, porém, todos os lugares tinham a cara dele, me lembrava ele. Já se passava algumas horas desde que sair, ele não parava de me ligar e minha irmã também, resolvi atender minha irmã.

Marisa: Onde você está?
Marcos: Estou andando de patins, preciso pensar.
Marisa: Está tudo bem? Você sabe que não pode fazer esforço, sabe que saiu do hospital apenas para.... Você sabe.
Marcos: Eu sei o porquê, sei também que quero mandar um pouco em mim, sem ter ninguém que me diga o que fazer e onde está.
Marisa: Eu te entendo.
Marcos: Não, você não me entende, eu sou doente e ainda me acontece isso.
Marisa: Você não é doente, você está doente.
Marcos: Quero ficar sozinho agora.

Que vazio enorme eu estava sentindo, será que deveria ouvi-lo? Deixar ele tentar explicar ou deveria apenas terminar e sumir? É tão ruim passar por uma situação como essa, só quem já passou por isso sabe o quanto é difícil, se sentir sem saída, quem gostaria de namorar uma pessoa com câncer?

Ele me mandou uma mensagem de texto:
Oi, acho que não tenho nem o direito de te mandar esse texto e ainda mais de te perguntar como está se sentindo, acho que estraguei tudo e quero que saiba você foi a única pessoa que eu amei, que eu tenho certeza do que eu sinto, como posso mudar tudo que aconteceu? Eu estou sem direção, foi um devaneio meu achar que poderia sentir com outro o que sinto com você, são três anos e me deixei sair do caminho, sendo que no final só quero te encontrar nele, por favor me perdoa, me dá uma chance.

Eu não tinha reação, eu costumo dizer que meu coração foi dividido em quatro partes, uma delas foi embora quando fui expulso de casa com doze anos e com câncer, a outra é da minha irmã, a outra é do meu avô que sempre me apoiou e a outra parte é do Luck, essa parte estava escorrendo como areia de uma ampulheta entre minhas mãos...