Lamúria [...]


Me lembro a primeira vez que trocamos olhares, naquele momento eu soube que algo era diferente. Você me procurou todo tímido, mas eu não dei espaço para você se aproximar! Eu queria deixar você se achegar, mas disse que era errado, que isso não era certo, como poderia dar certo algo do tipo, lutei contra meu desejo de ter você em meus braços por costumes e tradições que nem mesmo eu acreditava tanto assim, pelo menos não ao ponto de deixar isso me impedir de ser feliz. Mas em um certo momento em casa com todos os amigos, o destino conspirou a nosso favor, os amigos foram indo embora, e você pacientemente me esperando por dias e nunca foi invasivo ou me faltou com respeito, e quando eu dizia para ficar longe você mantinha o espaço que eu precisava para pensar. 

E quando todos foram embora você era o último em casa, ficamos sós na sala e um enorme silencio que ecoava o universo um milhão de pensamentos cruzando minha mente, esse silencio gigantesco de 2 minutos fez você naquele momento se levantar do outro lado da sala e se sentar ao meu lado, e eu todo tímido com um sorriso muito sem graça com o rosto todo vermelho, comecei a suar frio e abaixei minha cabeça, e você gentilmente pegou minha mão, e aproximou seu rosto do meu lentamente, eu virei o rosto e fechei o olho. 

E mais uma vez você me surpreendeu, me disse que seria no meu tempo, que valeria a pena me esperar, encostou seu cabeça no meu ombro e disse que eu deveria me permitir. Então uma lagrima correu sobre meu rosto, um outro sentimento que não sabia explicar e você sorriu, e então eu me permiti! Quando seus lábios tocaram os meus, eu entendi o significado de borboletas no estomago, senti seu cheiro, seu toque, seu carinho deslizando sobre meu corpo, seu amor, seu respeito, e mais do que isso, sua amizade. Então eu percebi que era mais que tudo isso, eu vi que naquele momento eu estava feliz, passamos nossa noite mais linda juntos. 

E esses encontros foram se repetindo, e cada encontro o sentimento era maior, mas minha imaturidade, meus medos, meus receios, minha mania de deixar as pessoas pensarem por mim, fez que eu me afastasse. Mas eu era tão jovem, tão imaturo, e por alguns me dizerem que isso não era certo, que esse sentimento era errado, eu pedi para se afastar, e eu me afastei, te mandei para tão longe do meu coração que não consegui mais te alcançar. Minhas noites passaram a ser tão tristes, sozinhas, estava no meio da multidão, mas não via você. 

Os amigos falavam o quanto você estava sofrendo, o quanto me amava, e o quanto eu era importante para você, mas eu não dei ouvidos, e segui a vida. Mas um dia eu vi você na rua, depois de tanto tempo, então eu sorria com uma intensidade tão grande, e você me olhou, mas seu olhar pesou uma dor tão profunda. Me senti muito culpado por fazer você chorar, mas então passou mais alguns dias, e me chamaram para ir em uma balada e que eu deveria me permitir conhecer alguém, eu aceitei o convite. Depois de tanto tempo sem ver você eu achei que tinha sarado dessa dor, até que nesta mesma balada você estava lá, explodindo sentimentos, sorrindo, pulando, bebendo, falando com os amigos, curtindo sua vida, então eu fiquei feliz, e pensei: Vou concertar isso agora!

Mas já era tarde, enquanto fui me aproximando eu vi outro cara tocando seu rosto. Beijando seus lábios, e te chamou de amor. Então percebi o quão tolo eu fui, deixei a maior experiência sobre o que é viver, passar e eu nem ao menos pude valorizar, não que eu não tinha tido oportunidade, mas fui tolo por não me permitir viver algo tão lindo. Então me afastei chorando, quando olhei para trás, você veio me deu um abraço e me disse: A vida te dará outra oportunidade, não a desperdice, te admiro muito.....

Então a balada ficou em silencio, eu não ouvia a música, não ouvia mais ninguém, mas dentro de mim, eu disse te amo. Após um tempo você casou e hoje você está vivendo sua vida muito feliz, e hoje eu sei que te amo muito, porque só o fato de saber que você está feliz, eu fico também. Ontem eu estava andando pela cidade e ouvi seu nome, te procurei correndo como se fosse um instinto, não te vi, mas percebi o quanto estava sorrindo. 

Por: Renato D'paula
Edição: Alan Santos