16º Capitulo - Uma nova chance


Não existia um dia em que não pensava em toda essa situação, em como me desvencilhar dela, eu só queria minha vida no ritmo certo e eu sabia que não teria coragem de encarar uma conversa com ele sem ceder, pensei por dias em como abordar ele e eu estava recebendo pressão por todos os lados e eu precisava respirar e pensar.

Parei para pensar de quando fui expulso de casa aos doze anos, quando minha irmã gêmea um ano depois também, e ainda tinha o câncer era tão difícil e eu precisava conversar com alguém, eu pensei em suicídio não só pela traição, mas por tudo. Eu precisava encarar o Luck e tinha que ser agora, então resolvi ligar para ele.

Luck: Alô!
Jonatas: Tudo bem?
Luck: Estou levando e você?
Jonatas: Eu estou bem... acho que precisamos conversar pessoalmente.
Luck: Claro, quando quiser e onde quiser.
Jonatas: Pode ser hoje? Me busca as 20:00 e na hora decidimos para onde ir.
Luck: Certo, beijos.
Jonatas: Tchau.

Acho que estava na hora de ir embora, acho que não conseguiria esquecer o que eu vi aquele dia e fingir que nada aconteceu, eu precisava ao menos de um tempo longe para pensar, não desejaria isso para ninguém, eu precisava gritar para tentar ser escutado, precisava dormir porque eu já estava sofrendo de ansiedade, deitei e apaguei. Horas depois acordei com minha tia batendo na porta, dizendo que o Luck estava me chamando, peguei o celular e vi sete ligações dele, desci para falar com ele.

Jonatas: Desculpe, peguei no sono, vou colocar uma roupa e volto, vai ser rápido.
Luck: Tudo bem, tome um banho, eu te espero.
Jonatas: Certo, obrigado, vou só pegar uma água, aceita?
Luck: Sim, obrigado.

Fui até a cozinha e minha tia, primos e minha irmã estavam atrás da parede ouvindo toda conversa, a parede naquele exato momento era pequena para tantos ouvidos, entrei calado.

Jonatas: Já podem sair de trás da porta!
Célia: Não estávamos ouvindo. 
Jonatas: Então se não estavam ouvindo, o que estavam fazendo aí atrás? 
Célia: Estávamos... 
Jonatas: Certo.

Bebi minha água e peguei um pouco para o Luck, deixei para ele e subi, passei uns dez minutos tomando banho e coloquei a roupa o mais rápido possível. Assim que desci, fui direto para o carro e saímos, fomos para o lugar mais alto, onde tinha sido nosso primeiro beijo e aquilo me trazia lembranças boas e me deixavam mais confusos que nunca, fui o caminho inteiro em silêncio, quando ele colocou a música “ne me quitte pas” de Edith Piaf, musica muito linda.

Luck: Ei, gostou da música? 
Jonatas: Sim, Edit Piaff é uma das vozes mais lindas e músicas maravilhosas e na sua voz, ficou mais linda. 
Luck: Você reconheceu? 
Jonatas: Eu reconheço quase tudo em ti. 
Luck: Eu fui um idiota! 
Jonatas: Não se martirize, cada um tem seus motivos e isso é individual, não tenho que entender e nem você explicar. 
Luck: É você que eu amo, por mais que eu tenha vacilado.

O silêncio ficou no ar, logo chegamos no “nosso lugar”, descemos do carro, estava frio e uma névoa tão fria, estava todo arrepiado e ele pegou o casaco dele que em mim parecia um vestido, ele tinha 1,93 e eu 1,67, eu agradeci ele e coloquei, o cheiro dele me embriagava e me amolecia todo...