2º Capitulo - O Domínio

O celular tocava sem parar e Leonardo continuava dormindo. Ele não parava de pensar no Klauton. O celular continuou a tocar e levantou rapidamente para saber quem era. Tinha vinte chamada do seu melhor amigo Marcos e outra dez chamadas do Klauton. Não saberia pra quem ligar, mas sua intuição mantinha que deveria ligar para o Klauton quando o celular começou a tocar e o nome de Marcos apareceu na chamada.

- Oi Marcos. por que tantas ligações?

-Léo preste atenção. Não vai para faculdade hoje. Fica em casa.

O telefone vibrou e Leonardo viu a chamada do Klauton.

- Marcos tenho que desligar.
- ESPERE NÃO DESLIGA! NÃO VAI PARA A FACULDADE.
- Não grite! Meu ouvido não é megafone. Depois conversamos.

Leonardo desligou a chamada de Marcos que pareceu furioso, pois Leonardo jurava ouvir os berros do amigo. Atendeu a chamada de Klauton que havia gostado dos ensinamentos na sala de aula.
Ontem Leonardo e Klauton ficaram juntos na sala de aula conversando e combinando pra saírem juntos no fim de semana. Pensava irem ao baile na Vila Mendes. O rapaz parecia achar estranho estar perto de uma pessoa que fazia feliz. Sabia que um homem deveria apaixonar por uma mulher, entretanto via nele um amor avassalador dentro dele por Klauton. O rapaz havia falado para o Leonardo que ao ver na comemoração da vitória no futebol simplesmente via coração bater por ele.

- Oi... oi Klauton.
- Nervoso ao falar comigo no telefone. Ontem estava um tagarela e agora esta tímido?
- Sei lá- disse rindo - sou muito bobo!
- Eu gosto das suas risadas. Que tal passar depois na minha casa.

O garoto concordou fazendo o Klauton dizer um "yes" do outro lado da linha e nisso garoto sorriu desligando o celular. Ouviu uma batida na porta do seu quarto e viu a mãe, a Sra. Helena, aparecer com seu rosto na porta dizendo que seu amigo estava na porta cansado de tanto correr. Leonardo pediu a mãe que deixasse entrar no seu quarto.

- Vocês precisam de alguma coisa meninos?
- Não mãe, tudo bem!

A mãe saiu um pouco desconfiada deixando os garotos conversarem. Leonardo olhava para Marcos que parecia estar muito nervoso e cansado.

- Aconteceu alguma coisa?
- Ainda não, mas irá acontecer se for a faculdade.
- Eu sei que esta acontecendo. Não sou cego! Eu vi olhares de muitos por estar junto de um rapaz que é homossexual assumido.
- Sinceramente. Acho que Klauton não demonstra ser um homossexual, entretanto nem você demonstra a ser homossexual. Não tenho preconceito, mas tenho medo pela sua vida amigo e considero como um irmão de coração.

Os dois apertaram as mãos quando o celular de Marcos tocou. Ele foi dizendo que Solene estava esperando na faculdade e Leonardo preparou a mochila dizendo que iria para escola mesmo enfrentado as consequências.

- Pensa bem, Léo, pois seus pais saberão de tudo.
- Não importo com isso - disse mentindo para si mesmo.

Os dois amigos caminharam pela sala da casa de Leonardo que despediu da mãe que estava assistindo televisão. Não saberia como a mãe iria reagir quando soubesse sobre a sua homossexualidade. Leonardo pensava apenas em Klauton.
Chegando na faculdade Leonardo foi direto no armário onde pegaria os seus materiais da faculdade quando viu olhares dos alunos em volta dele. Marcos dizia que não desse a atenção. Sua atenção foi chamado quando seu armário estava pichado com uma unica palavra: "BICHA".

Via seus amigos jogadores em volta dele. Não sabia aonde olhar. Naquele momento queria fugir ou desaparecer. Não tinha feito nada pra ninguém por ser homossexual.

- Saia do nosso time, pois bicha não entra no nosso time - disse um garoto chamado Samuel que havia chamado de bicha o jovem Klauton - acho que entrou no time pra ficar nos agarrando? Está achando que somos da sua laia?

- Me deixa em paz.
- Sua bicha louca. Cade o namoradinho pra te defender?
- Estou atras de você ao lado professor pra denunciar o preconceito - disse Klauton que estava do lado do professor de Educação Física.

Os alunos que cercavam ficaram branco olhando ao professor que olhava severamente pra todos e pedira que os alunos limpassem o armário de Leonardo que ficou no chão de cabeça baixa. Klauton foi até o rapaz que continuava de cabeça baixa. O professor aproximou do aluno e disse algumas palavras:

- Garoto tem que enfrentar o que enfrentamos todos os dias, mas deve aprender que somos livres e vencedores. Você é o melhor aluno desta faculdade, então vença este desafio.
O professor olhou para os alunos que estavam esperando o castigo e pediu pra todos encontrassem na diretoria. Solene apareceu naquele instante e viu Leonardo encolhido no chão.
- Eu não vou conseguir...
- Vai conseguir e irei te ajudar, mas pra isso preciso que seja forte - disse Klauton que deu primeiro beijo no rapaz que retribuiu.
- Chega gente. Deixa o beijo pra depois - disse Marcos que sorria para o casal.
- O que estão olhando? Perguntou Solene com raiva para algumas garotas que cochichavam.
Os alunos continuavam encarar o Leonardo que continuava de cabeça baixa e Klauton que mantinha firme para olhares rancorosos de alguns alunos.
- Vamos pra casa depois da aula - disse Klauton - nós quatro podemos almoçar juntos.

Marcos e Solene concordaram. Leonardo continuava de cabeça baixa pensando como seria a sua vida daqui pra frente. Klauton pegou na sua mão e Leonardo não sabia oque fazia naquele instante. Queria soltar a mão de Klauton quando sentiu no coração que podia confiar nele.

- Estamos juntos e vamos enfrentar juntos.

Leonardo sorriu para Klauton esperando que as aulas da faculdade acabassem o mais depressa possível, pois ali não parecia mais um lugar pra comemorar como um craque de futebol. Os dois caminharam de mãos dadas ao lado de Solene e de Marcos que também estavam de mãos dadas.

Naquele momento apareceu o professor que pedirá ao Leonardo acompanhasse a diretoria. O professor conduziu pelo corredor onde alguns alunos olhavam como fosse algum estranho, um grito no corredor fez ficar um pouco mais avermelhado chamando de "VIADINHO".

O professor olhava pra todos os alunos e buscava onde via os gritos. O jovem Leonardo permanecia de cabeça baixa e caminhava para sala da diretoria e foi sentindo culpado por causar um transtorno no corredor na sala de aula.

Abriu a porta da sala do diretor e viu um homem de cabelos pretos e um pouco grisalho que estava encostado na mesa e pedira ao aluno sentar. Leonardo sentou e o diretor sentou em sua poltrona e começou segurar uma caneta em provisão de escrever alguma coisa.

- O senhor irá me expulsar?
- Por que te expulsaria?
- Diretor Saulo - disse Leonardo olhando pra mesa sem encarar o diretor - eu não sabia a repercussão e...
- Deixe me falar e não me interrompa - disse o diretor - eu sei que acontece contigo e respeito muito, pois o meu filho é homossexual e tem uma vida de casado com um rapaz. Quero que entenda que aqui na faculdade não aceito o preconceito e quero que saiba que estarei ao seu lado, mas não deixe que outros estraguem sua vida por esse bullying. A vida é difícil, mas torna-se fácil se enfrenta-la. Quero que volte pra sala de aula e tente ser você.

O jovem saiu pedindo licença ao diretor que acenou pra sair. Olhava para o corredor vazio onde os alunos deveria estar na sala de aula e pensou como enfrentaria esse preconceito.