9º Capitulo - Talvez não seja nessa vida


Eu não sabia onde estava meu chão, o médico continuou a falar mais, porém eu não conseguia ouvi-lo, parecia que naquele momento o mesmo chão que se abriu, foi o mesmo que estava me engolindo, essa era uma sensação que era indescritível e que não desejaria a ninguém, levantei o lençol e vi meu corpo todo roxo, meus olhos pareciam que tinha sangue, meus lábios roxos. Foi quando vi o Luck é minha irmã na janela olhando para mim, chorando e assim que o médico saiu ele entrou.

Luck: Como você se sente? Eu estou aqui com você, vou ficar do seu lado.
Jonatas: Me sinto mal, mais eu prefiro que saia, não quero que fique aqui, não quero que me veja assim.
Luck: Eu não vou sair, você não tem esse direito de me mandar embora, quero ficar aqui.
Jonatas: Eu quero ficar sozinho, não estou bem e preciso pensar.
Luck: Não acredito que está falando isso.
Jonatas: Olha para você, um garoto bonito, saudável, uma vida toda pela frente e vai ficar perdendo tempo aqui comigo? Hoje eu estou aqui e amanhã posso não estar, não quero fazer ninguém ficar e sofrer, saia agora.
Luck: Eu não vou sair.
Jonatas: SAIA AGORA.

Foi quando a enfermeira entrou e tirou ele, eu comecei a chorar compulsivamente, era uma sensação indescritível e naquele exato momento minha irmã entrou e me abraçou, era tudo o que eu precisava, sempre foi o meu porto seguro. Logo pedi a enfermeira que não deixasse ninguém entrar, a não ser minha irmã e ela disse que tudo bem.

Marisa: Hei maninho, estou aqui se precisar, te amo. (Com os olhos marejados).
Jonatas: Eu sei, sempre estaremos aqui, um para o outro.
Marisa: Sempre, só não esqueça que você precisa manter as pessoas que gostam de você, próximo.
Jonatas: Nesse exato momento, a dor está sempre presente, me puxando para dentro, exigindo ser sentida, o corpo desliga quando a dor fica insuportável demais.

Logo a psicóloga entrou no quarto, para conversamos sobre tudo, para que me ajudasse a entender tudo o que estava acontecendo a minha volta, a saber como lhe dar com as situações que estavam a minha volta, logo pediu a minha irmã que nos desse licença.

Psicóloga: Está melhor?
Jonatas: Não!
Psicóloga: Quer falar?
Jonatas: Preciso, estou me afogando dentro de mim mesmo.
Psicóloga: Então me conte o que está se passando dentro de você.
Jonatas: Já se sentiu em um poço sem fundo? Onde nada que você faça é suficiente para te tirar de lá, e você precisa e quer ficar sozinho e por mais que todos digam ao contrário, isso não é suficiente para te convencer?
Psicóloga: Eu entendo, esse é um momento que você está tentando entender tudo, é normal, porém é normal também que as pessoas em sua volta queiram estar mais perto, para tentar ajudar, por mais que você os queiram longe, eles vão permanecer sempre aqui.
Jonatas: Mas não agora, já releu uma frase várias vezes ? esperando que elas mudassem? Mas não. Foram claras. Mas, impossível. Senti rasgar cada pedacinho de mim, e ser jogado ao vento, para que me levasse para longe. E não sei até quando eu ainda vou voltar ali e ler a mesma coisa, morrer de novo ao termino de cada palavra, esperando por um milagre, que ainda não aconteceu.